quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Olhares de mestre








Pierre Verger em seu estúdio fotografado por German Lorca
German Lorca (São Paulo, 1922-) foi um brilhante autodidata. Foi um dos integrantes do grupo original do Cine Foto Clube Bandeirante. Paralelamente às fotos pessoais, muitas das quais participaram de salões, concursos, assumiu suaconsagrada carreira profissional como fotógrafo de estúdio e de publicidade. Sempre procurou uma nova perspectiva, um novo percurso, um novo desafio. Enquanto seus filhos viraram cientistas no tratamento mais elaborado e sofisticado de imagens digitais, Lorca foi um "enfant terrible", um poeta da vida e das imagens. Suas imagens atestam um impecável domínio técnico, aliado à estética da descoberta e construção da imagem. Sábio e conhecedor, a história da fotografia brasileira contemporânea há muito reserva o seu retrato na galeria dos grandes mestres.
Lorca não foi educado para ser artista ou mesmo fotógrafo. Para quem cresceu no proletário bairro paulistano do Brás, seguiu por caminho seguro: trabalhou num escritório de contabilidade. Só depois foi para a fotografia. E logo se revelou no que havia de mais avançado, e aí, por luzes incertas: o modernismo. Se a literatura e a pintura iniciaram o modernismo até antes da Semana de 22, a arquitetura só o teve em 1930 e a fotografia já no final dos anos 40, quando Lorca começou. Fotografou centenas ou milhares de situações isoladas, mas também desenvolveu assuntos em que o conceito e o discurso são valiosos. Com isso, torna-se um fotógrafo que acompanhou o tempo de sua laboriosa e longa vida.
(Texto adaptado de original de Ricardo Ohtake)

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