quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Encruzilhadas








Valerie Jouve
http://www.valeriejouve.com/


A encruzilhada é (...) o lugar de encontro com os outros, tanto exteriores como interiores. É um local privilegiado para as emboscadas: exige atenção e vigilância. E se nas encruzilhadas costuma estar tanto a tríplice Hécate quanto o Hermes psicopompo, é para indicar-nos que devemos escolher -- para nós e em nós -- entre o céu, a terra e os infernos. Na verdadeira aventura humana, a aventura interior, não encontramos senão a nos mesmos na encruzilhada: nossa esperança era a de uma resposta definitiva, mas diante de nós somente novos caminhos, ovos obstáculos, novas vias que se abrem. A encruzilhada não é um terminal, mas apenas um ponto de repouso ou de parada, um convite para que se vá mais além. Pára-se numa encruzilhada só quando se deseja atuar sobre os outros, para o bem ou para o mal, ou quando se constata a própria incapacidade de escolher por si mesmo: neste caso a encruzilhada passa a ser o o lugar da meditação e da espera, mas não da ação. No entanto, ela também é o lugar da esperança: o caminho seguido até aqui não  estava obstruído; cada nova encruzilhada oferece uma nova possibilidade de escolher o caminho certo. Com uma única ressalva: as escolhas são irreversíveis. (Chevalier, p.370).


Chevalier, J. Dicionário de Símbolos: mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores e números. Rio de Janeiro: José Olympio. 1989.

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