domingo, 27 de fevereiro de 2011

Micronarrativas






Rodchenko e Stepanova - 1922












Aleksandr Ródtchenko
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_Rodchenko



Micronarrativa é o oposto de metanarrativa, no sentido em que Lyotard discute a formulação da condição pós-moderna. As metanarrativas da Ciência comportam visões totalitárias do mundo, supostamente possuindo todas as verdades possíveis e experimentadas sobre o conhecimento. Para uma doença, a Ciência dirá que possui todas as respostas conhecidas (totalidade a que chamamos metanarrativa); se uma comunidade local possuir uma resposta simples para essa doença (unidade a que chamamos micronarrativa), não estaremos a pressupor que a verdade foi definitivamente alcançada. Lyotard defende a “incredulidade” nas metanarrativas (humanismo, iluminismo, modernismo, etc.,) como o fundamento do pensamento pós-moderno; as pequenas narrativas não exigem o controlo total do conhecimento, são fragmentos em todos os domínios científicos e dificilmente podem apontar para uma única linguagem universal capaz de explicar todos os fenômenos. A sobrevivência da multiplicidade de jogos de linguagem diferentes e incompatíveis das micronarativas, contrariando o domínio das metanarrativas centralizadoras, não só recuperou o diálogo necessário entre os saberes como contribuiu para o abandono dos grandes modelos de análise (como o estruturalismo, por exemplo).

Lyotard, Jean-François. A Condição Pós-Moderna. 2ª ed., trad. de Bragança de Miranda, Lisboa: Gradiva. 1989.