segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ícones visuais










Vik Muniz
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vik_Muniz
http://en.wikipedia.org/wiki/Vik_Muniz



O artista não pode copiar um gramado banhado de sol, mas pode sugeri-lo. Exatamente como fará, num caso ou em outro, é segredo seu, mas as poderosas palavras que tornam a mágica possível são do conhecimento de todos os artistas – ‘relações’. (Gombrich 1986: 31).

GOMBRICH, E. H. Arte e ilusão, um estudo da psicologia da representação pictórica. Trad. Raul de Sá Barbosa. São Paulo: Martins Fontes, 1986

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Micronarrativas






Rodchenko e Stepanova - 1922












Aleksandr Ródtchenko
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_Rodchenko



Micronarrativa é o oposto de metanarrativa, no sentido em que Lyotard discute a formulação da condição pós-moderna. As metanarrativas da Ciência comportam visões totalitárias do mundo, supostamente possuindo todas as verdades possíveis e experimentadas sobre o conhecimento. Para uma doença, a Ciência dirá que possui todas as respostas conhecidas (totalidade a que chamamos metanarrativa); se uma comunidade local possuir uma resposta simples para essa doença (unidade a que chamamos micronarrativa), não estaremos a pressupor que a verdade foi definitivamente alcançada. Lyotard defende a “incredulidade” nas metanarrativas (humanismo, iluminismo, modernismo, etc.,) como o fundamento do pensamento pós-moderno; as pequenas narrativas não exigem o controlo total do conhecimento, são fragmentos em todos os domínios científicos e dificilmente podem apontar para uma única linguagem universal capaz de explicar todos os fenômenos. A sobrevivência da multiplicidade de jogos de linguagem diferentes e incompatíveis das micronarativas, contrariando o domínio das metanarrativas centralizadoras, não só recuperou o diálogo necessário entre os saberes como contribuiu para o abandono dos grandes modelos de análise (como o estruturalismo, por exemplo).

Lyotard, Jean-François. A Condição Pós-Moderna. 2ª ed., trad. de Bragança de Miranda, Lisboa: Gradiva. 1989. 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Encruzilhadas








Valerie Jouve
http://www.valeriejouve.com/


A encruzilhada é (...) o lugar de encontro com os outros, tanto exteriores como interiores. É um local privilegiado para as emboscadas: exige atenção e vigilância. E se nas encruzilhadas costuma estar tanto a tríplice Hécate quanto o Hermes psicopompo, é para indicar-nos que devemos escolher -- para nós e em nós -- entre o céu, a terra e os infernos. Na verdadeira aventura humana, a aventura interior, não encontramos senão a nos mesmos na encruzilhada: nossa esperança era a de uma resposta definitiva, mas diante de nós somente novos caminhos, ovos obstáculos, novas vias que se abrem. A encruzilhada não é um terminal, mas apenas um ponto de repouso ou de parada, um convite para que se vá mais além. Pára-se numa encruzilhada só quando se deseja atuar sobre os outros, para o bem ou para o mal, ou quando se constata a própria incapacidade de escolher por si mesmo: neste caso a encruzilhada passa a ser o o lugar da meditação e da espera, mas não da ação. No entanto, ela também é o lugar da esperança: o caminho seguido até aqui não  estava obstruído; cada nova encruzilhada oferece uma nova possibilidade de escolher o caminho certo. Com uma única ressalva: as escolhas são irreversíveis. (Chevalier, p.370).


Chevalier, J. Dicionário de Símbolos: mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores e números. Rio de Janeiro: José Olympio. 1989.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Faces do silêncio





















Christophe Agou
http://www.christopheagou.com/


"Incomunicação é um outro nome para as rupturas que azedam as relações e inviabilizam a interatividade humana. É um fenômeno ligado, certamente, à exaustão, ao estresse, à indiferença, à redundância e à apatia em relação às diferenças, à alteridade, aos conflitos e impossibilidades de todas as espécies que ameaçam a compreensão e o entendimento. Está também intimamente ligada a algumas formas brandas de loucuras de desvios psíquicos suportáveis ou socialmente toleráveis.
Em quaisquer dessas possibilidades, sua instauração reacende o pânico da solidão em meio a ambientes socializados e tecnologicamente civilizados, tornando "perigosos aqueles que podem sobreviver". Esse perigo torna-se iminente quando a competência humana de administrar as inter-relações entre as dimensões biológica, social e cultural da vida se afrouxa, embaralhando paradigmas entre os extratos da realidade na qual vivemos e convivemos". (Iasbeck, p.35).


Iasbeck, Luiz Carlos. A incomunicabilidade da loucura. in Os Meios da Incomunicação. Org. Baitello, N. & Contrera, M.& Menezes, J.E. São Paulo: Anablume. 2005.